A CRIAÇÃO DO HOMEM - TEXTO SOBRE CABALA/JUDAISMO

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A Criação do Homem - Texto sobre Cabala / Judaísmo



"E D’us disse: Façamos o homem (em hebraico, Adam)" (Gên. 2:7)

"E D’us criou o homem (em hebraico, Adam)" (Gên. :27)
 
 
Aqui a Torá nos ensina que Adão é "feito" e "criado". Nós até sabemos a matéria-prima utilizada para sua produção. "D’us formou o homem do pó da terra" (Gên. 2:7). Mas se analisarmos paralelamente duas passagens da Bíblia: "No início, D’us criou o céu e a terra" (Gênese 1:1) e "pois que em seis dias D’us fez os céus e terra" (Êxodo 31:17), constatamos que enquanto o uso bíblico da palavra "criação" sugere uma ação instantânea de D’us, "fazer" na linguagem bíblica é um processo que exige tanto matéria quanto tempo, como está dito: "pois que em seis dias". Com o passar do tempo, algo foi criado – Adão, mas este ser não estava completo. Faltava-lhe receber a alma da vida humana. Se a formação e o desenvolvimento do homem – de Adão – foi um processo que durou um milésimo de segundo ou milhões de anos, não é algo que a Torá deixe claro. Alguns versos nos dão uma pista, talvez uma resposta definitiva.

O Talmud (Eruvim 18A) se detém sobre o nascimento de Set, terceiro filho de Adão e Eva, analisando por que a Torá relata duas vezes seu nascimento.

"E tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu a luz um filho a quem chamou Set" (Gênese 4:25).

"E viveu Adão 130 anos, e ele teve um filho à sua semelhança e forma. Ele o chamou de Set" (Gênese 5:3).

Segundo o Talmud, estes dois versos revelam que, após o assassinato de Abel por Caim, Adão e Eva se separaram maritalmente por 130 anos, e somente então Adão deitou-se "novamente" com Eva. Durante estes 130 anos, Adão procriou filhos com outros seres, não com Eva. O Radak comenta que esses filhos eram de fato crianças. Faltava-lhes, no entanto, a neshamá, a alma, para torná-los seres humanos. Maimônides (Guia 1:7), baseado em Eruvim e no Zohar, descreve estas crianças como sendo seres humanos em forma e inteligência, mas nada humanos em espiritualidade.

Nachmânides concentra-se num prefixo supérfluo, lamed, em hebraico, que transmite a idéia de transformação através de uma ação externa. No caso, o insuflar da alma. Assim, "... e soprou por suas narinas a neshamá da vida e Adão transformou-se em uma alma viva".

Segundo o comentário de Nachmânides, um dos maiores sábios e cabalistas, a preposição "em" é usada para indicar uma mudança na essência da personalidade e "pode ser que o verso esteja afirmando que Adão era um ser vivo completo e a neshamá o transformou em outro homem". Outro homem! De acordo com Nachmânides, havia um homem antes da criação da neshamá, mas aquele ser hominídio não era exatamente humano.

Onkelos resumiu tudo isso, 400 anos antes do Talmud e mil anos antes de Nachmânides. A expressão nefesh chayá, uma alma viva, aparece três vezes nesta porção da Torá: para animais que vivem na água (Gên. 1:20), para animais que vivem sobre a terra (Gên. 1:24) e para humanos como "... em uma alma viva" (Gên. 2:7). Nos primeiros dois casos, Onkelos traduz o termo literalmente, "uma alma viva". Mas para os seres humanos, por causa da preposição "em", Onkelos traduz o termo como "e Adão transformou-se em um espírito falante".

A capacidade de se comunicar espiritualmente é o que faz os homens serem diferentes de todos os outros animais. Não é nossa força, nem nossa inteligência. Mas nossa espiritualidade. A fala é, nos homens, o elo entre os aspectos físicos e espirituais da existência. É a neshamá que faz esta ligação e nos impele a sentir a unidade transcendental que permeia toda a existência e da qual trata o Shemá: "Ouve, Israel, o Eterno é teu D’us, o Eterno é Um". A unicidade transcendental é a marca do Eterno. Hominídios, com feições humanas, co-existiram e precederam Adão. Os antigos comentaristas bíblicos estavam cientes dessa realidade. A descoberta de seus fósseis não constitui surpresa para a Torá. Na definição bíblica, um homem é um animal – um hominídio – no qual foi insuflada a alma criada, a neshamá.

Apesar de a neshamá não deixar nenhum vestígio fossilizado para provar sua aparição na história da humanidade, o efeito de sua criação está claramente gravado nos achados arqueológicos. A escrita, o comércio e o surgimento das grandes cidades datam de 5.000 a 6.000 anos atrás, a época de Adão. A escrita foi criada para satisfazer as necessidades de se manterem registros sobre o comércio; e o comércio, por sua vez, foi criado para satisfazer as necessidades materiais das grandes cidades. A pergunta que permanece sem resposta, então, é: por que as grandes cidades emergiram nesta época?

Minha sugestão de resposta é que a espiritualidade dos humanos concedida pela neshamá e o desejo de transmitir esta espiritualidade para os outros foi a força motriz que transformou a civilização de grupos de aldeias formadas por clãs em cidades, como Uruk e Ur, na Mesopotâmia.

Obs.: Não podemos esquecer que a Torá nos relata nitidamente que Adão foi capaz de dar nomes à todos os seres vivos na face da Terra , e foi exatamente a partir daí que a civilização teve início, entre 5.000 a 6.000 anos atrás.

Em Bereshit (Gênesis) veremos a 1ª e a 2ª criação do homem:

A 1ª criação (Bereshit – Gên. 1:27)diz respeito de criaturas de D´us (homem pré-histórico: homo habilis, homo erectus...etc.)

E a 2ª criação (Bereshit- Gên 2:7)diz a respeito de Adão, formado de barro e que recebeu o Sopro Divino do Ruach de D´us.

No cap. 2:23 de Bereshit - Adão disse: "Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne;.....".

Mas.... por que Adão diria isso ???

Resp.: É porque as outras mulheres não eram iguais a ele, não tinham o sopro do Espírito de D´us, não possuiam a mesma capacidade espiritual e nem intelectual como a dele ... eram primitivas (homo habilis, ...)

Para concluir:

Diz no cap 6:1-2 de Bereshit(Gên.): Quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a terra, e lhes nasceram filhas, e os filhos de D´us viram que as filhas dos homens eram belas, e escolheram esposas entre elas.

- Quem são esses filhos de D´us ?? - E quem são essas filhas dos homens ??

Resp.: Os filhos de D´us eram os descendentes de Adão (Adão tinha o sopro do Ruach... era diferente em espírito).

As filhas dos homens (homens que "não possuíam o sopro do Ruach" - homo habilis, homo erectus...etc.).

Fonte: Gerald Schroeder - Bacharel, Mestre e Doutor pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). É autor dos livros Genesis and the Big Bang, sobre a descoberta da harmonia entre a ciência moderna e a Bíblia, editado pela Bantam Doubleday e já traduzido em sete idiomas; The Science of God e The Hidden Face of God, editados pela divisão Free Press da Editora Simon & Schuster.
 
Por HERMES (ISSARRAR BEN KANAAN)
 
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